sexta-feira, 8 de março de 2013

ENTREVISTA: Renato Rosatti, do site Boca do Inferno e editor do fanzine Juvenatrix


Desde quando você "trabalha o Horror" no Boca do Inferno?
ROSATTI: O site existe desde Maio de 2001, mas eu entrei na equipe de colaboradores em meados de 2002, e desde então tenho uma grande quantidade de textos, entre artigos e resenhas de cinema publicados (são mais de 400...).

Como é levar profissionalmente o cinema fantástico num país onde o gênero horror é visto como má influência?
ROSATTI: Acho que o gênero Horror é visto como “má influência” em qualquer lugar do mundo, não só no Brasil. É difícil trabalhar com o gênero, não há dúvida, uma vez que queremos realizar um trabalho sério (Horror é apenas mais uma expressão de arte) e existe grande quantidade de preconceito e obstáculos que incomodam. Ao divulgar e produzir Horror, não estamos fazendo apologia à violência e sim apenas ao divertimento, e essa idéia muitas vezes não é compreendida pelo público comum.

Antes de se associar ao site, qual era sua ocupação no circuito alternativo?
ROSATTI: Antes de 2002 já atuava na cena underground desde 1988, na co-edição do lendário fanzine “Megalon”, junto com o amigo de longa data Marcello Simão Branco. Depois, em 1991, lancei o “Juvenatrix”, fanzine de Horror e Ficção Científica há 18 anos em atividade, com 113 edições no momento e mais de 3.000 páginas publicadas. Já fui também co-organizador da “HorrorCon”, lendária convenção de horror que acontecia anualmente em São Paulo nos anos 90.

RHB - De acordo com a lenda, o "Boca do Inferno" é a página sobre cinema de horror mais acessada da América Latina... você desmente ou confirma esta questão?
ROSATTI: O site “Boca do Inferno.Com” é o portal mais completo com informações sobre Horror e mais visitado da internet brasileira, e talvez da América Latina. Para conferir, analisem a quantidade de textos de cinema (artigos e resenhas) escrito exclusivamente por colaboradores, além de contos e outros materiais interessantes sobre o gênero.

O que você tem a dizer sobre a nova geração do horror no cinema ou dos quadrinhos?
ROSATTI: Poucos têm sido os filmes de horror produzidos na atualidade que tenho apreciado. Estão faltando novas idéias aos executivos da indústria de cinema, que ao terem como objetivo unicamente o lucro, estão deixando de lado a qualidade de uma boa história. Por isso, temos a produção de tantas refilmagens e a utilização sem controle de clichês exaustivos que prejudicam o entretenimento num filme de horror. Mas, por sorte, ainda temos alguns exemplos que dignificam o gênero como “Encarnação do Demônio”, “REC” e “O Nevoeiro”, citando apenas filmes que foram lançados nos cinemas brasileiros em 2008.

Todo o material exposto é enviado pelos colaboradores ou o site possue um arquivo próprio sobre o cinema de horror?
ROSATTI: O site recebe os textos de cinema (artigos e resenhas) dos colaboradores, mas a maioria das notícias sobre as produções em andamento, coleta de fotos e outros materiais são pesquisados pelo webmaster Marcelo Milici (que também recebe a ajuda eventual de colaboradores).

Quanto a revista "Boca do Inferno.com". Qual é a sua expectativa de produção e como funciona o controle do que é publicado?
ROSATTI: A tiragem é pequena, pois não há distribuição profissional. É mais um trabalho de idealismo de uma publicação amadora, mas dentro das possibilidades e recursos disponíveis, a produção da revista é ótima, com capas coloridas e papel de qualidade. O controle do material publicado é de responsabilidade do José Salles, patrocinador da revista e responsável pela editora “Júpiter II”, parceira do site “Boca do Inferno.Com” nesse projeto, que já está na 3ª edição.

De uns dois anos pra cá o gênero HORROR pareceu ganhar um espaço maior. Novos eventos, grupos e páginas são lançados e pequenas editoras começam a abrir as portas. Como você enxerga esta aproximação?
ROSATTI: O mundo não pára, e inevitavelmente também o gênero Horror está ganhando novos fãs a todo tempo, aumentando a legião de seguidores. Isso obrigatoriamente impulsiona o crescimento do gênero de uma forma geral. Surgem mais eventos, lançamentos de livros, produção de filmes, e a internet também ajuda na divulgação com a criação de sites, blogs e comunidades para todos os lados. Obviamente isso tudo deve ser encarado como algo interessante, mas acho que não extrapola a normalidade, ou seja, o gênero está crescendo como tudo no mundo, não existe nada em especial.

Agora uma pergunta um tanto pessoal...Como é ser um "Mestre Infernauta" na sua respectiva profissão? Você conversa sobre seus gôstos no ambiente de trabalho?
ROSATTI: Como já abordado numa das perguntas anteriores, o “Horror” não é um gênero para o público comum. Então, no meu caso específico, não é prudente expor meus gostos pessoais no ambiente de trabalho, a não ser que encontre alguém com pensamento similar.

Uma pergunta crucial. Você já assistiu todos os filmes postados no site Boca do Inferno?
ROSATTI: Certamente que não. A quantidade de filmes abordados no site é imensa e muitos deles são de difícil acesso. Eu tenho o costume de anotar numa lista os nomes de todos os filmes que assisti na vida. São cerca de 1500 filmes de Horror e Ficção Científica, sendo que muitos deles não foram analisados no site e existem outros tantos analisados por colegas colaboradores e que não vi até hoje.

Ainda sobre filmes.. .o que você acha das produções independentes de horror que voltaram a surgir e quais as críticas sobre as mesmas?
ROSATTI: Como mencionei anteriormente, o gênero Horror vem crescendo inevitavelmente, e com isso também a produção de filmes independentes. Com a facilidade dos tempos modernos, os fãs tem tido acesso a produzirem seus próprios filmes. Eu admiro muito o trabalho idealista de se fazer um filme, independente do resultado final, onde muitos filmes esbarram em histórias repletas de clichês e efeitos exageradamente toscos. Porém, ainda assim surgem obras muito interessantes como por exemplo o capixaba “Mangue Negro”, o mineiro “Era dos Mortos” e o brasiliense “A Capital dos Mortos”.

Você tem algum projeto para lançar novos trabalhos voltados ao Terror?
ROSATTI: Sinceramente, meu tempo livre está muito reduzido, e esse pouco tempo ainda tem que ser dividido entre outras coisas, para ver filmes, ler livros, escrever textos de cinema, editar o fanzine “Juvenatrix” e o blog “Infernotícias”, que não penso em nada em especial para novos projetos. Se conseguir manter essa produção, já estou satisfeito.

Muito obrigado pelo tempo dispensado à esta entrevista. Espero que a aliança entre a Suburbia Horror Show e o Boca do Inferno reforce-se cada vez mais nesta árdua trilha que é o underground.
ROSATTI: Conheço vocês há muito tempo e sei do idealismo de vocês. Admiro o grande trabalho sempre realizado. Sucesso para todos nós e continuemos juntos espalhando o Horror e manchando com o vermelho do sangue a tela dos computadores dos leitores...

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